Alterações demográficas, acções antropogénicas, actividades económicas, , pobreza, políticas iníquas e alterações climáticas estão entre os principais factores que contribuem para a perda da biodiversidade em Moçambique. A combinação destes factores resulta na conversão, perda, degradação e fragmentação dos ecossistemas naturais, exploração excessiva de espécies, introdução de espécies invasoras e poluição, ocorrendo em várias escalas espaciais.
De uma forma geral as ameaças para a biodiversidade em Moçambique podem ser divididas em 5 principais categorias.
1. Conversão, perda, e fragmentação dos habitats naturais
A fraca capacidade na aplicação das leis, o aumento da população urbana associada a alta demanda por carvão vegetal, a alta rentabilidade dos mercados de exportação, agricultura itinerante; falta de fontes de energia alternativas estão entre as principais causas da perda florestal. Por outro lado, a crescente descoberta e exploração, de recursos minerais e de hidrocarbonetos também representa uma ameaça significativa à biodiversidade, particularmente em habitats costeiros e marinhos. Nos ecossistemas de água doce, a captação de água para consumo humano, irrigação, construção de barragens estão entre as maiores causas da redução ou perda dos habitats aquáticos em Moçambique
2. Sobre exploração de determinadas espécies
O país possui extensas florestas naturais e um elevado potencial para a indústria madeireira. Porém os níveis de exploração das espécies florestais geralmente excedem os volumes de corte anuais permitidos devido a uma variedade de práticas insustentáveis de gestão florestal que combinados com o abate ilegal de árvores contribuem para a extinção de espécies madeireiras a longo prazo. Outras espécies não madeireiras também tem sido alvos de sobre exploração principalmente para medicina tradicional, ornamentação, entre outros. A sobre-exploração da fauna terrestre ocorre principalmente através da caça furtiva. A sobreexploração dos recursos pesqueiros e a pesca ilegal estão entre as principais ameaças á biodiversidade marinha levando a extinção e redução de vários recursos marinhos vivos.
3. Invasão por espécies exoticas que prejudicam os ecossistemas e espécies nativas
A invasão por espécies exóticas é um dos principais factores determinantes do declínio da biodiversidade, causando impactos socioeconómicos e no bem-estar humano. A pressão antropogénica, a alteração do uso do solo e as alterações climáticas são causas que aceleraram a invasão por estas espécies em Moçambique. Muitas espécies exóticas foram introduzidas em Moçambique deliberadamente e para fins comerciais, para criação de gado, produção do mel, introdução em sistemas agroflorestais, para fins ornamentais, para estimação e até mesmo para fins de conservação causando grandes impactos nos ecossistemas aquáticos e terrestres assim como na silvicultura e agricultura. Explore a nossa base de dados e conheça algumas espécies invasoras.
4. Poluição ou contaminação de habitats naturais ou espécies
O maior risco de poluição ou contaminação de habitats naturais e de espécies encontra-se principalmente nas proximidades de empreendimentos industriais e urbanos bem como de actividades agrícolas. Esses têm causado poluição tanto do ar como da água e do solo. A poluição da água doce vem de muitas fontes, tais como águas residuais humanas e industriais não tratadas, pesticidas e fertilizantes provenientes da agricultura. A actividade de mineração também tem resultado na poluição por mercúrio, poluição por cianeto, drenagem ácida, entre outros. Nas zonas costeiras, os efluentes não tratados contaminam e destroem vários ecossistemas marinhos sensíveis como o de corais. Este fenómeno agrava-se devido a fraca capacidade nacional para eliminação e tratamento tanto de resíduos sólidos como o de efluentes líquidos.
5. Mudanças climáticas
As alterações climáticas constituem uma ameaça potencial de magnitude desconhecida que pode acentuar outras ameaças directas, especialmente a perda, degradação e fragmentação de habitats, e estabelecimento de espécies invasoras. Alguns exemplos de impactos resultantes das mudanças climáticas em Moçambique inclui o branqueamento de coral, a perda maciça de mangais pós ciclones, secas, acidificação oceânica; aumento da temperatura, alterações na produtividade do ambiente marinho entre outras. Nos próximos 20 anos, a exposição ao risco de catástrofes naturais no país deverá aumentar significativamente e os impactos relacionados com as alterações climáticas irão impor pressões adicionais sobre a biodiversidade. É a capacidade de mitigação e adaptação que ditará a magnitude dos impactos das alterações climáticas sobre a biodiversidade em Moçambique.
Avaliação do Estado da Biodiversidade, Tendências e Ameaças em Moçambique (BIODEV2030)
Estudo conduzido pela UICN e WWF com o objectivo de identificar ameaças de grande impacto sobre a biodiversidade em Moçambique e os sectores económicos que as impulsionam. Os resultados obtidos indicaram que as culturas não-madeireiras anuais e perenes, a exploração madeireira e a extracção de lenha, queimadas e a supressão do fogo; a alteração do habitat, a caça e uso de armadilhas para fauna terrestre são as actividades com o maior impacto na biodiversidade em Moçambique.
Por outro lado, embora que as actividades como a pesca e exploração de recursos aquáticos, recolha de plantas terrestres, exploração de petróleo e gás tenham apresentado um impacto negligenciável no quadro de pontuação de Ameaças- Species Threat Abatement and Restoration (STAR) Metric, estas actividades foram também consideradas de elevado impacto por parte de vários especialistas.
No que diz respeito aos sectores económicos que impulsionam estas ameaças a Biodiversidade em Moçambique, destacam-se os sectores da agricultura, silvicultura, mineração, petróleo e gás e a construção de infraestruturas.
No entanto devido as varias limitações na primeira fase os resultados da aplicação do STAR deverão ainda ser refinados.